Dependência Química

A família possui um papel muito importante na vida do dependente químico. Mas a dependência é uma questão tão cheia de complexidade que, muitas vezes, pode facilmente desestabilizar toda a família. Não é incomum que famílias se desfaçam ou mergulhem em problemas bastante profundos diante de um quadro de dependência química.

O adicto possui um comportamento destrutivo, que coloca a família em uma rotina de preocupações e intensa angústia. Para muitos familiares, a vida passa a ser de sofrimento, impotência e dor. E isto é tão forte que pode levar a um quadro de codependência emocional.

Codependência é o termo usado para se referir a alguém (normalmente um familiar) que desenvolve um comportamento desequilibrado e obsessivo, passando a viver inteiramente em função do adicto e da sua doença.

Esta codependência costuma surgir pela falta de habilidade para lidar com a situação, pelo excesso de cuidados e até pelo sentimento de culpa em relação ao dependente químico.

Este comportamento disfuncional leva o familiar, sem se dar conta, a colocar a própria vida de lado e passar a assumir a responsabilidade pelos problemas do dependente. Isso leva a pessoa a um ciclo de frustrações e tristezas, tanto pela dificuldade em recuperar o adicto, quanto por sentirem suas próprias vidas afundando.

Quando se trata de dependência química, é fundamental ter em mente que não só o adicto precisa ser acolhido e receber suporte psicológico, mas também sua família.

Os codependentes precisam reconhecer o problema e buscar auxílio. Ajudando a si próprios, eles podem deixar de ser participantes do padrão da doença - o que aumenta as chances de que consigam ajudar melhor o dependente químico.

Com a psicoterapia, o codependente pode trilhar um caminho de autoconhecimento e perceber os gatilhos que o levam a determinados comportamentos para que, desta forma, possam evitá-los. As sessões podem ajudar no resgate da autoconfiança e da valorização do próprio bem-estar - sem esquecer nem desmerecer a pessoa que amam e que pretendem ajudar, mas também sem abdicar da sua própria vida.

Ainda é comum ouvirmos que a dependência química é fruto da falta de responsabilidade e comprometimento do dependente com a vida.

Já é chegado o tempo de entendermos que a dependência química é uma doença crônica e sem cura - e, por isso, seu tratamento requer apoio profissional.

A dependência química é um problema de saúde pública, que acontece pelo consumo exagerado de qualquer substância psicoativa - lícita ou não - que altere o comportamento e o organismo.

A dependência altera a percepção, o comportamento e o humor do indivíduo, provocando sofrimento e riscos para o organismo e para a saúde mental. Quem enfrenta este problema tem suas atividades diárias comprometidas, já que toda sua atenção foca-se na manutenção do uso da droga, que se torna o principal combustível para sua existência.

A dependência aumenta a propensão à depressão e, infelizmente, também ao suicídio. Mas é comum que a pessoa que enfrenta o vício não se reconheça como dependente. É comum também que se afaste dos amigos e da família, o que dificulta ainda mais o acesso ao tratamento de reabilitação.

O psicólogo tem papel fundamental nos tratamentos para a dependência, que têm como objetivo reabilitar e reinserir a pessoa na sociedade. Em equipes multiprofissionais, como as que tratam da dependência química, o psicólogo atua na reestruturação dos pensamentos do indivíduo, entendendo suas motivações, razões e relação com as drogas.

O psicólogo oferece uma escuta acolhedora, que vai além da doença em si, sem julgamentos. O dependente terá ajuda para resgatar sua autonomia, mudar suas crenças e se comprometer com o tratamento. Ele poderá olhar com mais coragem e transparência para si próprio e para suas novas potencialidades.

A dependência química é um quadro extremamente complexo, que requer atenção permanente e compromisso de todos os envolvidos. Não há solução simples, mas há tratamentos eficientes. Acolher, ouvir e respeitar o dependente - trazendo-o para o lado da cura e não da rejeição -, é o primeiro passo para ajudá-lo a recuperar sua vida e vivê-la de modo que ele, e não as drogas, seja o protagonista.

Page updated

Google Sites

Report abuse